sábado, 28 de maio de 2011

Santo Antônio de Pemba (13 de junho)

 
Santo Antônio de Pemba
 
Entre Santo Antônio de Lisboa e Santo Antônio de Pemba há muita diferença.
Como o número de escravos era superior ao dos fidalgos, erigiu-se em cada fazenda uma capela com o Santo da devoção dos Senhores ou Sinhás das fazendas, onde um Sacerdote da Igreja Católica fazia seus ofícios religiosos.
Quando os escravos adotaram Santo Antônio de Lisboa por Santo Antônio de Pemba como Exu, fizeram-no por diversos motivos. O primeiros porque tinham que acompanhar o credo católico; o segundo para ludibriar a boa fé dos senhores das fazendas, pois proibiam que os mesmos professassem o seu culto africano; e o terceiro porque faziam suas festas com fogo, como fogueiras, etc., e o dono do fogo é Exu.
O dia de Santo Antônio de Pemba é 13 de junho, razão pela qual a Umbanda comemora nesta data o dia de Exu.
 
Na Umbanda atual, onde os chefes de terreiros são mais esclarecidos, com mais cultura e seus filhos também, não se admitem mais os tabus a respeito de Exus e Pombagiras, tais como :
  • Colocar cortina para cobrir o Gongá em dias de Sessão de Exu;
  • Considerar os médiuns que trabalham com Exus ou Pombagiras como perigosos, como assim era de crer naquela época remota;
  • Não permitir que os médiuns do terreiro trabalhem como Exus e Pombagiras, como alguns chefes de terreiros daquela época então procediam;
  • Pensar que Exu ou Pombagira são entidades negativas;
  • Considerar ainda nos dias de hoje que OMULU seja Exu e não Orixá;
  • Exigir que Exus ou Pombagiras incorporem de costas para o Gongá;
  • Pensar que somente na grande hora (meia-noite) seriam horas que Exu ou Pombagira poderiam incorporar;
  • Pensar que um médium após trabalhar com Exu ou Pombagira terá de ser descarregado por um Caboclo ou Preto Velho;
  • Pensar que Exu e Pombagira só trabalham falando "palavrões" e bebendo. Isto é a má orientação dada pelo chefe do terreiro que não respeita a entidade e nem se faz respeitar.


Zé Pelintra
 
Zé Pelintra, conhecido também como "Seu Zé",  não é um Exú (apesar de marcarem presença nas sessões de Exú) e sim um "egum" que atingiu o grau de Mestre no Catimbó (termo usado em sessões no nordeste,  que significa o mesmo que terreiro, onde baixam os espíritos protetores e caboclos).
Nos Catimbós, Mestre é nome dado também ao médium dirigente dos trabalhos das sessões.
Os Zé Pelintra (também chamado de Malandros), são comandados pelas entidades chefes que incorporam no Catimbó como Mestre Carlos, Mestre Luís, Mestra Benevenuta, etc...
Veste-se de branco e usa chapéu de aba mole, lenço vermelho no pescoço e bengala.
Gosta muito de uma boa farofa de carne-seca, aprecia um bom camarão frito, cigarro e uma cerveja gelada. Ele "gosta" de receber suas oferendas na portas de botequins ou nas subidas dos  morros.


PRECE DE EXÚ


Sou EXÚ, Senhor Pai, permite que assim te chame, pois, na realidade Tu o és, como és o meu Criador.
Formaste-me da Poeira Ástrica, mas como tudo o que provém de Ti, sou real e eterno.
Permite, Senhor, que eu possa servir-te nas humildes e desprezíveis tarefas criadas pelos teus humanos filhos.
Os homens me tratam de anjo decaído, de povo traidor, de rei das trevas, de gênio do mal e de tudo o mais em que encontram palavras para exprimir o seu desprezo por mim, no entanto, nem suspeitam que nada mais sou que o reflexo de si mesmos. Não reclamo, não me queixo, porque esta é a Tua vontade.
Sou escorraçado, sou condenado a habitar as profundezas escuras da Terra e trafegar pelas sendas tortuosas da provação.
Sou invocado pela inconsciência dos homens a prejudicar o seu semelhante. Sou usado como instrumento para aniquilar aqueles que são odiados, movido pela covardia e maldade humanas sem contudo poder negar-me ou recorrer.
Pelo pensamento dos inconscientes sou arrastado à descrença, à confusão e à ignomínia, pois esta é a condição que Tu me impuseste.
Não reclamo Senhor, mas fico triste por ver os teus filhos que criaste à Tua imagem e semelhança serem envolvidos pelo turbilhão de iniquidades que eles mesmos criam e, eu, por Tua Lei inflexível, delas tenho de participar.
No entanto, Senhor, na minha infinita pequenez e miséria, como me sinto grande e feliz quando encontro em algum coração um oásis de amor e sou solicitado a ajudar na prestação de uma caridade.
Aceito, sem queixumes, Senhor, a Lei que, na Tua infinita sabedoria e justiça, me impuseste, a de executor das consciências, mas lamento e sofro mais, porque os homens até hoje não conseguiram compreender-me.
Peço-Te oh! Pai Infinito, que lhes perdoe.
Peço-Te não por mim, pois sei que tenho que completar o ciclo da minha provação, mas por eles, os Teus humanos filhos.
Perdoa-os, e toma-os bons, porque somente através da bondade do seu coração poderei sentir a vibração do Teu amor e a graça do Teu perdão.

13 de junho dia de Santo Antonio

ORAÇÃO À SANTO ANTONIO
Festa: 13 de junho. Comemora-se todo dia 13.


Padroeiro dos namorados. Sua popularidade advém do fato de ele ser considerado pela tradição como santo casamenteiro.
 
 
Santo Antonio é doutor da Igreja. Nasceu na cidade de Lisboa, Portugal, em 1195. Seu nome de batismo era Fernando de Bulhões y Taveira de Azevedo. Frade franciscano, contemporâneo de São Francisco de Assis. Foi ordenado sacerdote em 1220. No mesmo ano ingressou na Ordem Franciscana, partindo logo depois para Marrocos. Acometido por uma enfermidade durante a viagem viu frustrados os seus planos de missionário no meio dos não-crentes. Foi cozinheiro e levou vida completamente obscura. Percorreu a Europa combatendo os erros doutrinários de sua época. Em 1229 partiu para Pádua, para o convento de Arcella. Morreu em 13 de junho de 1231, aos 36 anos.

 

ORAÇÃO
- Glorioso Santo Antonio que tivestes a sublime dita de abraçar e afagar o Menino Jesus, alcançai-me a graça que vos peço e vos imploro do fundo do meu coração (pede-se a graça). Vós que tendes sido tão bondoso para com os pecadores, não olheis para os poucos méritos de quem vos implora, mas antes fazei valer o vosso grande prestígio junto a Deus para atender o meu insistente pedido. Amém.
Santo Antonio, rogai por nós.
(Pai Nosso, Ave Maria, Glória ao Pai)
ORAÇÃO - Santo Antonio, eu sei que o casamento é uma vocação abençoada por Deus. É o sacramento do amor, comparado ao amor que Cristo tem para com a Igreja.
Eu me sinto chamada para o casamento: por isto, Santo Antonio, ajuda-me a encontrar um namorado bom, amável, sério e sincero, que tenha os mesmos sentimentos de afeto que eu sinto. Faze que nos completemos um ao outro e formemos uma união abençoada por Deus, para que nós dois, juntos, sejamos capazes de vencer possíveis problemas familiares e conservemos sempre vivo o nosso amor, para que nunca falte a compreensão e a harmonia familiar.
Santo Antonio, abençoa-nos a mim e a meu namorado; acompanha-nos até o altar e conserva-nos unidos pelo resto da nossa vida.
Santo Antonio, rogai por nós.

 
Oração dos Namorados

Grande amigo Santo Antônio, tu que és o protetor dos namorados, olha para mim, para a minha vida, para os meus anseios. Defende-me dos perigos, afasta de mim os fracassos, as desilusões, os desencantos. Faze que eu seja realista, confiante, digno(a) e alegre. Que eu saiba caminhar para o futuro e para a vida a dois com a vocação sagrada para formar uma família. Que meu namoro seja feliz e meu amor sem medidas. Que todos os namorados busquem a mútua compreensão, a comunhão de vida e o crescimento na fé.
Assim seja.

sábado, 7 de maio de 2011

Aspectos Gerais de Ossaim

Òsonyín
Aspectos Gerais
  • DIA: Quinta-feira.
  • DATA: 5 de outubro.
  • METAL: Estanho.
  • CORES: Verde e branco.
  • COMIDAS: Fumo, mel, milho vermelho, espigas regadas com mel.
  • SÍMBOLOS: Haste ladeada por sete lanças com um pássaro no topo (árvore estilizada).
  • ELEMENTOS: Floresta e plantam selvagens (terra).
  • REGIÃO DA ÁFRICA: Iraó.
  • PEDRA: Esmeralda.
  • FOLHAS: Peregun, são-gonçalinho, garobinha-mas toda as folhas são de Ossaim.
  • ODU QUE REGE: Iká.
  • DOMÍNIOS: Medicina e liturgia através das folhas.
  • SAUDAÇÃO: Ewé ó!

Origem e História
Kó si ewé, kó sí Òrìsà, ou seja, sem folhas não há orixá, elas são imprescindíveis aos rituais do Candomblé. Cada orixá possui suas próprias folhas, mas só Ossaim (Òsanyìn) conhece os seus segredos, só ele sabe as palavras (ofó) que despertam seu poder, sua força.
Ossaim desempenha uma função fundamental no Candomblé, visto que sem folhas, sem sua presença, nenhuma cerimônia pode se realizar, pois ele detém o axé que desperta o poder do ‘sangue’ verde da folhas.
As folhas de Ossaim veiculam o axé oculto, pois o verde é uma das qualidades do preto. As folhas e as plantas constituem a emanação direta do poder da terra fertilizada pela chuva. São como as escamas e as penas, que representam o procriado. O sangue das folhas é uma das forças mais poderosas, que traz em si o poder do que nasce e do que advém.
É preciso esclarecer que o sangue (ejé) é um elemento essencial no Candomblé. Três são os tipos de sangue: o vermelho, dos animais, do azeite-de-dendê, do mel; o preto (verde), do sumo das folhas, e o branco, do sêmen, do vinho de palma, da água.
As folhas constituem o fundamento inicial do Candomblé. Antes de passar por qualquer ritual, o neófito tomará o banho de ervas (amassi) que o purificará e será sua primeira consagração dentro do culto. É com o amassi que se lavam os colares, os objetos rituais do ibá, a cabeça, a alma e o corpo dos iniciados. É sobre as folhas sagradas de ossaim que repousará o iaô em sua consagração ao orixá. É com as folhas que os animais consentem o sacrifício. Ossaim é, portanto, a primeira consagração no Candomblé: primeira e constante, pois a folha faz parte do dia-a-dia dos adeptos do Candomblé; Ossaim é imprescindível à religião, aos orixás e aos iniciados.
Todas as folhas possuem poder, mas algumas têm finalidades específicas e não servem para o banho ritual. Nem todas as folhas servem para os ritos do Candomblé. Nos banhos de amassi, por exemplo, devem ser utilizadas folha não-leitosas que não queimem; outras, como o Oju-orô, devem passar por uma preparação especial antes de ser utilizadas nos banhos. Em outros termos, existem folhas que podem ser usadas nos rituais e folhas que não podem; outras devem passar por ritos especiais, algumas folhas não servem para o banho. Enfim, as folhas possuem inúmeras utilidades dentro e fora do Candomblé, mas é preciso que o sacerdote saiba utilizá-las de maneira correta.
Ossaim é o grande sacerdote das folhas, grande feiticeiro, que por meio das folhas pode realizar curas e milagres, pode trazer progresso e riqueza. È nas folhas que está à cura para todas as doenças, do corpo ou do espírito. Portanto, precisamos lutar por sua preservação, para que conseqüências desastrosas não atinjam os seres humanos.
A floresta é a casa de Ossaim, que divide com outros orixás do mato, como Ogum e Oxóssi, seu território por excelência, onde as folhas crescem em seu estado puro, selvagem, sem a interferência do homem; é também o território do medo, do desconhecido, motivo pelo qual nenhum caçador deve penetrar na floresta na mata sem deixar na entrada alguma oferenda, como alho, fumo ou bebida. Medo de que? Medo dos encantamentos da floresta, medo do poder de Ogum, de Oxóssi, de Ossaim; respeito pelas forças vivas da natureza, que não permitem a pessoas impuras ou mal-intencionadas penetrar em sua morada. Se nela entrarem, talvez jamais encontrem o caminho de volta.
Ossaim teria um auxiliar que se responsabilizaria por causar o terror em pessoas que entram na floresta sem a devida permissão. Aroni seria um misterioso anãozinho perneta que fuma cachimbo (figura bastante próxima ao Saci-Pererê), possui um olho pequeno e o outro grande (vê com o menor) e tem uma orelha pequena e a outra grande(ouve com a menor). Muitas vezes Aroni é confundido com o próprio Ossaim, que, segundo dizem, também possui uma única perna. Não se pode por isso confundir Ossaim com o Saci-Pererê, que é um personagem do folclore brasileiro. Ossaim é orixá de grande fundamento, que possui uma só perna porque a árvore, base de todas as folha possui um só tronco.
De acordo com a história desse orixá, há uma rivalidade entre Ossaim e Orunmilá, que reflete, na verdade, a antiga disputa entre os Oníìsegùn - mestres em medicina natural que dominavam o poder das folhas - e os Babalawó - sacerdotes versados nos profundos mistérios do cosmo e do destino dos seres, os pais do segredo.
Ossaim é um orixá originário da região de Iraó, na Nigéria, muito próxima à fronteira com o antigo Daomé. Não faz parte, como muitos pensam, do panteão jeje assimilado pelos nagô, como Nana, Omolu, Oxumaré e Ewá. Ossaim é um deus originário da etnia ioruba. Contudo, é evidente que entre os jeje havia um deus responsável pelas folhas, e Ágüe é o seu nome, por isso Ossaim dança bravun e sató, a exemplo dos deuses do antigo Daomé.
Uma confusão latente se refere ao sexo de Ossaim; é preciso esclarecer que se trata de um orixá do sexo masculino. Entretanto, como feiticeiro e estudioso das plantas, não teve tempo de relacionamentos amorosos. Sabe-se que foi parceiro de Iansã, mas o controvertido relacionamento com Oxóssi, que ninguém pode afirmar se foi ou não amoroso, é o mais comentado.
Na verdade, Ossaim e Oxóssi possuem inúmeras afinidades: ambos são orixás do mesmo espaço, da floresta, do mato, das folhas, grandes feiticeiros e conhecedores dos segredos da mata, da Terra.

Aspectos Gerais Oxóssi

Òsóòsì
Aspectos Gerais
  • DIA: Quinta-feira
  • DATA: Corpus Christi(BA), 23 de abril (SP), 20 de janeiro
    (RJ)
  • COR: Azul-Turquesa
  • COMIDAS: Frutas, ewa (feijão fradinho torrado), axoxó (milho cozido com coco)
  • SÍMBOLOS: Ofá (arco), damatá (flecha), erukeré
  • ELEMNTO: Terra(florestas e campos cultiváveis)
  • REGIÃO DA ÁFRICA: Kêtu
  • PEDRAS: Turquesa, água-marinha
  • FOLHAS: Aroeira,peregun (pau-d’água), erva pombinho
    (quebra-pedra), pega-pinto, alecrim-do-campo
  • ODU QUE REGE: Obará e Odi
  • DOMÍNIOS: Caça, agricultura, alimentação e fartura
  • SAUDAÇÃO: Òké Aro!!! Arolé!

Origem e História
Oxóssi (Òsóòsi) é o deus caçador, senhor da floresta e de todos os seres que nela habitam, orixá da fartura e da riqueza. Atualmente, o culto a Oxossi está praticamente esquecido na África, mas é bastante difundido no Brasil, em cuba e em outras partes da América onde a cultura ioubá prevaleceu. Isso se deve ao fato de a cidade de Kêtu, da qual era rei, ter sido destruída quase por completo em meados do século XVIII, e seus habitantes, muitos consagrados a Oxossi, terem sido vendidos como escravos no Brasil e nas Antilhas. Esse fato possibilitou o renascimento de Kêtu, não como estado, mas como importante nação religiosa do Candomblé brasileiro.
Oxóssi é o rei de Kêtu, segundo dizem, a origem da dinastia. A Oxóssi são conferidos os títulos de Alakétu, Rei, Senhor de Kêtu, e Oníìlé, o dono da Terra, pois na África cabia ao caçador descobrir o local ideal para instalar uma aldeia, tornando-se assim o primeiro ocupante do lugar, com autoridade sobre os futuros habitantes. É chamado de Olúaiyé ou Oni Aráaiyé, senhor da humanidade, que garante a fartura para seus descendentes.

Na história da humanidade, Oxóssi cumpre um papel civilizador importante, pois na condição de caçador representa as formas mais arcaicas de sobrevivência humana, a própria busca incessante do homem por mecanismos que lhe possibilitem se sobressair no espaço da natureza e impor sua marca no mundo desconhecido.
A coleta e a caça são formas primitivas de busca de alimento, são os domínios de Oxóssi, orixá que representa aquilo que há de mais antigo na existência humana: a luta pela sobrevivência. Oxóssi é o orixá da fartura e da alimentação, aquele que aprende a dominar os perigos da mata e vai e busca da caça para alimentar a tribo. Mais do que isso, Oxóssi representa o domínio da cultura (entendendo a flecha como utensílio cultural, visto que adquire significados sociais, mágicos, religiosos) sobre a natureza.
Astúcia, inteligência e cautela são os atributos de Oxóssi, pois, como revela a sua história, esse caçador possui uma única flecha, por tanto, não pode errar a presa, e jamais erra. Oxóssi é o melhor naquilo que faz, está permanentemente em busca da perfeição.
Na África, os caçadores que geralmente são os únicos na aldeia que possuem as armas, têm a função de salvar a tribo, são chamados de Oxô, que significa guardião. Oxóssi também foi um Òsó, mas foi um guardião especial, pois salvou seu povo do terrível pássaro das Iyá-Mi.
Outras histórias relacionadas a Oxossi o apontam como irmão de Ogum. Juntos, eles dominaram a floresta e levaram o homem à evolução. Além de irmão, Oxóssi é grande amigo de Ogum-dizem até que seria seu filho, e onde está Ogum deve estar Oxóssi, suas forças se completam e, unidas, são ainda mais imbatíveis.
Oxóssi mantém estreita ligação com Ossaim (Òsanyìn), com quem aprendeu o segredo das folhas e os mistérios da floresta, tornou-se um grande feiticeiro e senhor de todas as folhas, mas teve que se sujeitar aos encantamentos de Ossaim.
A história mostra Oxóssi como filho de Iemanjá, mas a sua verdadeira mãe, segundo o mais antigos, é Apaoká a jaqueira, que vem a ser uma das Iyá-Mi, por isso a intimidade de Oxóssi com essa árvore.
A rebeldia de Oxóssi é algo latente em sua história. Foi desobedecendo às interdições que Oxóssi tornou-se orixá.
A exemplo de Xangô, Oxóssi é um orixá avesso à morte, porque é expressão da vida. A Oxóssi não importa o quanto se viva, desde que se viva intensamente. O frio de Ikú (a morte) não passa perto de Oxóssi, pois ele não acredita na morte.
Odé não chega perto da morte
Ele se assenta em terras estranhas
Odé me olha e me dá medo.

Aspectos Gerais de Ogum

Ogùn
Aspectos Gerais
  • DIA: Terça-Feira
  • DATA: 13 de junho
  • METAL: Ferro (mas todos os metais são de Ogum)
  • CORES: Verde ou Azul escuro (Brasil), Vermelho (África)
  • COMIDAS: Inhame assado e feijoada
  • SÍMBOLOS: Bigorna, faca, pá, enxada e outras ferramentas
  • ELEMENTOS: Terra (florestas e estradas) e fogo
  • REGIÃO DA ÁFRICA: Iré
  • PEDRA: Lápis-lazúli
  • FOLHAS: Abre-caminho-de-Ogum, madeira de lei, aroeira-branca
    cajarana, folhas de manga espada, palmeira, pau-ferro
    caiçara, peregun (pau-d’água)
  • ODU QUE REGE: Ejikomeji, Etaogundá, Owarín
  • DOMÍNIOS: Guerra, progresso, conquista e metalurgia
  • SAUDAÇÃO: Ògún ieé!!

Origem e história

Ogum (Ògún) é o temível guerreiro, violento e implacável, deus do ferro, da metalurgia e da tecnologia; protetor do ferreiros, agricultores, caçadores, carpinteiros, escultores, sapateiros, açougueiros, metalúrgicos, marceneiros, maquinistas, mecânicos, motoristas e de todos os profissionais que de alguma forma lidam com o ferro ou metais afins.
Orixá conquistador, Ogum fez-se respeitar em toda a África negra por seu caráter devastador. Foras muitos os reinos que se curvavam diante do poder militar de Ogum.
Entre os muitos Estados conquistados por Ogum estava a cidade de Iré, da qual tornou-se senhor após matar o rei e substituí-lo por seu, próprio filho, regressando glorioso com o título de Oníìré, ou seja, Rei de Iré.
Não é por acaso, portanto, que nas orações dedicadas a Ogum o medo fica tão evidente e a piedade é um pedido constante, pois como diz uma de suas cantigas:

Ògún pá lélé pá
Ògún pá ojaré
Ògún pá, ejé pá
Akoró ojaré.
Ogum mata com violência
Ogum mata com razão
Ogum mata e destrói completamente.

Ogum é o filho mais velho de Odudua, o herói civilizador que fundou a cidade de Ifé. Quando Odudua esteve temporariamente cego, Ogum tornou-se seu regente em Ifé.
Ogum é um orixá importantíssimo na África e no Brasil. Sua origem, de acordo com a história, data de eras remotas. Ogum é o último imolé.
Os Igba Imolé eram os duzentos deuses da direita que foram destruídos por Olodumaré após terem agido mal. A Ogum, o único Igba Imolé que restou, coube conduzir os Irun Imole, os outros quatrocentos deuses da esquerda.
Foi Ogum quem ensinou aos homens como forjar o ferro e o aço. Ele tem um molho de sete instrumentos de ferro: alavanca, machado, pá, enxada, picareta, espada e faca, com as quais ajuda o homem a vencer a natureza.
Em todos os cantos da África negra Ogum é conhecido, pois soube conquistar cada espaço daquele continente com sua bravura. Matou muita gente, mas matou a fome de muita gente, por isso antes de ser temido Ogum é amado.
Espada! Eis o braço de Ogum.

Aspectos gerais de Exu

Esù
Aspectos Gerais:
  • DIA: Segunda-feira.
  • DATA: Todos os dias são de Exu.
  • METAL: Não tem, sua matéria é a terra em seu estado de pureza.
  • CORES: Preto (ou seja, a fusão das cores primárias) e vermelho.
  • COMIDAS: Farofa de azeite-de-dendê, ekó (acaçá), carne mal passada.
  • SÍMBOLOS: Ogó de forma fálica, falo ereto.
  • ELEMENTOS: Terra e fogo.
  • REGIÃO DA ÁFRICA: Exu é universal.
  • PEDRAS Rubi e Granada.
  • FOLHAS Folha de fogo, coração-de-negro,aroeira vermelha, figueira brava, bredo, urtiga.
  • ODU QUE REGE Okaran e Owarín.
  • DOMÍNIOS Sexo, magia, união, poder e transformação.
  • SAUDAÇÃO Laroié!

Origem e História
Exu (Èsù) é a figura mais controvertida do panteão africano, o mais humano dos orixás, senhor do princípio e da transformação. Deus da terra e do universo; na verdade, Exu é a ordem, aquele que se multiplica e se transforma na unidade elementar da existência humana. Exu é o ego de cada ser, o grande companheiro do homem no seu dia-a-dia.
Muitas são as confusões e equívocos relacionados a Exu, o pior deles o associa à figura do diabo cristão; pintam-no como um deus voltado para a maldade, para perversidade, que se ocuparia em semear a discórdia entre os seres humanos. Na realidade, Exu contém em si todas as contradições e conflitos inerentes ao ser humano. Exu não é totalmente bom nem totalmente mau, assim como o homem: um ser capaz de amar e odiar, unir e separar, promover a paz e a guerra.
O maniqueísmo, próprio das grandes religiões monoteístas, não se aplica ao Candomblé, muito menos a Exu. A cultura africana desconhece oposições, em especial a oposição entre bem e mal; sabe-se aqui que o bem de um pode perfeitamente ser o mal de outro, portanto, cada um deve dar o melhor de si para obter tudo de bom em sua vida, sempre cultuando, agradando e agradecendo a Exu, para que ele seja, no seu cotidiano, a manifestação do amor, da sorte, da riqueza e da prosperidade.
Exu é o orixá que entende como ninguém o princípio da reciprocidade, e, se agradado como se deve, saberá retribuir; quando agradecido por sua retribuição, torna-se amigo e fiel escudeiro. No entanto, quando esquecido é o pior dos inimigos e volta-se contra o negligente, tirando-lhe a sorte, fechando-lhe os caminhos e trazendo catástrofes e dissabores.
Exu é a figura mais importante da cultura iorubá. Sem ele o mundo não faria sentido, pois só através de Exu é que se chega aos demais orixás e ao Deus Supremo Olodumaré. Exu fala toda as línguas e permite a comunicação entre o orum e o aiê, entre os orixás e os homens.
Exu é o dono do mercado, o seu guardião, por isso todo comerciante e aqueles que lidam com venda devem agradar a Exu. As vendedoras de acarajé, por exemplo, sempre oferecem o primeiro bolinho a Exu, atirando-o a rua, não só para vender bem, mas também par afastar as perturbações, evitar assaltos etc., ou seja, pra que Exu seja de fato um guardião e proteja o seu negócio.
É evidente que Exu não precisa pagar no mercado, porque lá recebe muitas oferendas; nenhum comerciante deixa de agradar a Exu, A não ser os que desejam conhecer o seu lado perverso.
É importante ressaltar que Exu não tem amigos nem inimigos. Exu sempre protege aqueles que o agradam e sabem retribuir os seus favores.
Exu foi à primeira forma dotada de existência individual. Não se sabe ao certo sua região de origem na África, pois em todos os reinos se presta culto a Exu. Sabe-se, no entanto, que chegou a ser rei de Kêtu. Exu renasceu várias vezes e a sua história revela que é filho de Orunmilá ou de Oxum, dependendo do momento em que renasce.
Notas bibliográficas

Mitologia dos Orixás

Mitologia dos Orixás
Exu instaura o conflito entre Iemanjá, Oiá e Oxum.
Um dia, foram juntas ao mercado Oiá e Oxum, esposas de Xangô, e Iemanjá, esposa de Ogum.
Exu entrou no mercado conduzindo uma cabra.
Ele viu que tudo estava em paz e decidiu plantar uma discórdia.
Aproximou-se de Iemanjá, Oiá e Oxum e disse que tinha um compromisso importante com Orunmila.
Ele deixaria a cidade e pediu a elas que vendessem sua cabra por vinte búzios. Propôs que ficassem com a metade do lucro obtido.
Iemanjá, Oiá e Oxum concordaram e Exu partiu.
A cabra foi vendida por vinte búzios. Iemanjá, Oiá e Oxum puseram os dez búzios de Exu a parte e começaram a dividir os dez búzios que lhe cabiam. Iemanjá contou os búzios. Haviam três búzios para cada uma delas, mas sobraria um. Não era possível dividir os dez em três partes iguais. Da mesma forma Oiá e Oxum tentaram e não conseguiram dividir os búzios por igual. Aí as três começaram a discutir sobre quem ficaria com a maior parte.
Iemanjá disse: “É costume que os mais velhos fiquem com a maior porção. Portanto, eu pegarei um búzio a mais”.
Oxum rejeitou a proposta de Iemanjá, afirmando que o costume era que os mais novos ficassem com a maior porção, que por isso lhe cabia.
Piá intercedeu, dizendo que , em caso de contenda semelhante, a maior parte caberia à do meio.
As três não conseguiam resolver a discussão. Então elas chamaram um homem do mercado para dividir os búzios eqüitativamente entre elas. Ele pegou os búzios e colocou em três montes iguais. E sugeriu que o décimo búzio fosse dado a mais velha. Mas Oiá e Oxum, que eram a segunda mais velha e a mais nova, rejeitaram o conselho. Elas se recusaram a dar a Iemanjá a maior parte.
Pediram a outra pessoa q eu dividisse eqüitativamente os búzios. Ele os contou, mas não pôde dividi-los por igual. Propôs que a parte maior fosse dado à mais nova. Iemanjá e Oiá.
Ainda um outro homem foi solicitado a fazer a divisão. Ele contou os búzios, fez três montes de três e pôs o búzio a mais de lado. Ele afirmou que, neste caso, o búzio extra deveria ser dado àquela que não é nem a mais velha, nem a mais nova. O búzio devia ser dado a Oiá. Mas Iemanjá e Oxum rejeitaram seu conselho. Elas se recusaram a dar o búzio extra a Oiá.
Não havia meio de resolver a divisão.
Exu voltou ao mercado para ver como estava a discussão. Ele disse: “Onde está minha parte?”.
Elas deram a ele dez búzios e pediram para dividir os dez búzios delas de modo eqüitativo.
Exu deu três a Iemanjá, três a Oiá e tre a Oxum. O décimo búzio ele segurou.
Colocou-o num buraco no chão e cobriu com terra.
Exu disse que o búzio extra era para os antepassados, conforme o costume que se seguia no Orun.
Toda vez que alguém recebe algo de bom, deve-se lembrar dos antepassados. Dá-se uma parte das colheitas, dos banquetes e dos sacrifícios aos Orixás, aos antepassados. Assim também com o dinheiro. Este é o jeito como é feito no Céu. Assim também na terra deve ser.
Quando qualquer coisa vem para alguém, deve-se dividi-la com os antepassados. “Lembrai que não deve haver disputa pelos búzios.”
Iemanjá, Oiá e oxum reconheceram que Exu estava certo. E concordaram em aceitar três búzios cada.
Todos os que souberam do ocorrido no mercado de Oió passaram a ser mais cuidadosos com relação aos antepassados, a eles destinando sempre uma parte importante do que ganham com os frutos do trabalho e com os presentes da fortuna.